Eu sei que tem sido o nosso espírito rir de tudo e de todos, mesmo do mais desagradável. Gaja que é gaja encara tudo de sorriso nos lábios. Choramingar, para além de fazer rugas, esborrata a maquilhagem, e digo-vos desde já que não há nada mais possidónio que rímel a escorrer por uma face abaixo.
Mas permitam-me, por favor, esta lagrimita de desgosto. Afinal, há dias em que uma gaja, por mais que tente, não se consegue rir… E no meu caso isso acontece no dia de hoje, porque foi há precisamente três meses que esta vossa amiga que vos escreve torceu o pé numa aparatosa queda. Três meses, pensarão todos vós, deveria ser mais do que suficiente para recuperar de uma simples entorse. Mas não, esta gaja continua manca e a fazer fisioterapia.
Mudando para um assunto sem qualquer ligação aparente (mas minhas amigas, tenham paciência e já verão onde eu quero chegar), sexta-feira fui ao Batô. Devo confessar que nunca fui grande fã do estabelecimento (a previsibilidade da música enjoa-me profundamente), mas é um dos poucos sítios onde ainda se pode dançar e cantar ao mesmo tempo… Mas foi no Batô, na sexta-feira, que tive uma espécie de revelação:
Estou velha.
Quando, às cinco e tal da manhã, se ouviram os primeiros acordes da “Just”, dos Radiohead, quatro ou cinco gatos pingados (incluindo eu), abriram os braços extasiados e, no centro da pista, cantaram a letra de cor. Tudo isto perante a indiferença do resto da multidão que nem sequer sabia que raio de música era aquela. Foi aí que eu compreendi. Olhei bem para as caras de toda a gente que ali estava e percebi que aquelas quatro ou cinco pessoas eram as únicas que pertenciam à minha geração. Eu nunca senti antes que fizesse parte de uma geração. De repente apercebi-me que aquela música que estávamos a cantar faz parte de um maravilhoso disco que eu ofereci a mim própria no Natal de há 10 anos atrás… 10 anos! É muito tempo. Aposto que há dez anos os meus tendões e ligamentos recuperariam mais depressa...
Mas permitam-me, por favor, esta lagrimita de desgosto. Afinal, há dias em que uma gaja, por mais que tente, não se consegue rir… E no meu caso isso acontece no dia de hoje, porque foi há precisamente três meses que esta vossa amiga que vos escreve torceu o pé numa aparatosa queda. Três meses, pensarão todos vós, deveria ser mais do que suficiente para recuperar de uma simples entorse. Mas não, esta gaja continua manca e a fazer fisioterapia.
Mudando para um assunto sem qualquer ligação aparente (mas minhas amigas, tenham paciência e já verão onde eu quero chegar), sexta-feira fui ao Batô. Devo confessar que nunca fui grande fã do estabelecimento (a previsibilidade da música enjoa-me profundamente), mas é um dos poucos sítios onde ainda se pode dançar e cantar ao mesmo tempo… Mas foi no Batô, na sexta-feira, que tive uma espécie de revelação:
Estou velha.
Quando, às cinco e tal da manhã, se ouviram os primeiros acordes da “Just”, dos Radiohead, quatro ou cinco gatos pingados (incluindo eu), abriram os braços extasiados e, no centro da pista, cantaram a letra de cor. Tudo isto perante a indiferença do resto da multidão que nem sequer sabia que raio de música era aquela. Foi aí que eu compreendi. Olhei bem para as caras de toda a gente que ali estava e percebi que aquelas quatro ou cinco pessoas eram as únicas que pertenciam à minha geração. Eu nunca senti antes que fizesse parte de uma geração. De repente apercebi-me que aquela música que estávamos a cantar faz parte de um maravilhoso disco que eu ofereci a mim própria no Natal de há 10 anos atrás… 10 anos! É muito tempo. Aposto que há dez anos os meus tendões e ligamentos recuperariam mais depressa...
11 comentários:
Gaja,
Não havia necessidade... isso é apenas uma crise existencial...
Ora então vamos lá esclarecer isto por pontos:
1- Se o incidente do pézinho diz alguma coisa sobre a sua idade, não é pelo facto de estar a demorar três meses a curar. O que diz é que você continua a ser a mesma casmurra de sempre... sim, se calhar os seus vinte e algo (que a idade de uma gaja não se diz) anos não foram suficientes para lhe ensinar que de vez em quando não está nada mal ouvir as sugestões de quem sabe alguma coisa, e que se lhe dizem, deixe lá estar o pé imobilizado por X dias, se calhar a melhor ideia é fazer isso mesmo e não achar que sabemos mais que os outros...
2- O batô... ó gaja, pla mor de dEUS... eu estaria era preocupada se a menina se sentisse em casa no batô... eu pelo que me toca, sinto-me muito contente de já não me sentir identificada com aquilo desde que tinha aí os meus 17 ou 18 anos quando dava cabo das minhas cordas vocais a cantar o "gigantic" dos Pixies ou o "so young" dos London Suede (como lhes chamam aqui onde vivo)...
3-Quanto aos Radiohead e essa pérola que é o Just (ai gaja lembra-se daquela belíssima peça de cinematografia que é o videoclip?), devia era ficar triste pelas pessoas que não se juntaram a si para celebrar esse hino... eu por mim fico muito contente por fazer parte de uma outra geração, essa que um dia ouviu o Smells like teen spirit e sentiu que algo de novo estava a contecer e que todavia ainda havia verdade, angústia e beleza no mundo do entertenimento... A geração que ficou de braços cruzados no batô é a que acha que a Courtney love é que é o supra sumo da irreverência e do estilo, e que se há alguma verdade e beleza no mundo do entretenimento, ela é o símbolo disso mesmo!
Isto para dizer que não angustio por estar perto de passar para os trinta... CARAGO! Que venham os anos, a experiência e o cinismo... Sim, porque ao contrário das nossas mães, nós agora temos a cirurgia plástica e podemos viver como se fossemos o Dorian Gray... quer algo melhor que celebrar o sonho desse visionário que foi o Oscar Wilde? Eu por mim, chamem-me fútil ou pouco imaginativa, mas não consigo imaginar melhor prenda que essa! Viva a beleza, e viva a cirugia plástica!
A mana tesoura
A probabilidade de isto suceder é ínfima, bem sei. Apenas minorada pela probabilidade de alguém acreditar nesta merda, sei bem. Enquanto lia este post, passava, no meu Winamp cheio de músicas outras, o Just. Deprimente.
Ah, e esqueci de referir que, recentemente, vivi exactamente o mesmo com este mesmo Just, no Incógnito, em Lisboa. Acabado de dançar (os brilhantes) Interpol com a canalha, chegam-me as guitarras a arranhar à moda antiga e tudo a olhar pró cota aos saltos, a debitar letra. Safou-me o sorriso (não apenas resignadamente, mas prazerosamente) solidário do DJ (dono e amigo de longa data).
Cara gaja?
Velha, não. Com bom gosto!
E olhe que esta gaja aqui só não abriu os braços e cantou porque não estava lá, porque se estivesse...
Tomara que os putos conhecessem Radiohead... é que não tem que ver com a idade. Eu não sou da época de Janis Joplin, mas adoro...
O que lhes falta é educar o ouvido, mais nada!
Gaja: estou aqui como a woman once a bird. Não estava lá consigo, senão já sabe, teria companhia. Logo eu, se eu perdia uma oportunidade de ssss--sss--ssssssssibilar..
Gaja, não esqueça também das vantagens que envelhecer tem, a experìência, a sabedoria e todas essas coisas? Lembra-se do nosso cabelo há 10 anos atrás? E há 5??
Olá a todos os que comentaram a posta e que me fizeram sentir que afinal não sou tão velha assim... Um beijinho especial para a Mana Tesoura, que é uma artista na arte de comentar! Gostei muito da sua referência ao Dorian Gray, amiga, mas digo-lhe desde já que não pretendo ficar jovem para sempre. E de facto, eu acho que todas essas Lilis que andam para aí cheias de plásticas são verdadeiros Dorians Grays. Olham-se ao espelho e acham-se belas, mas os seus retratos (ou a versão actual dos seus retratos, que são as fotos em revistas e imagens de televisão) parecem-me a mim uns verdadeiros monstros. Eu não quero deixar de envelhecer, não quero é ser apanhada de surpresa pela idade!
Inexorável, a passagem do tempo.
Há dez anos, a recuperação seria rápida. Hoje, está arrumada, cara gaja. Apenas para algumas coisas, estou certo.
Mas em relação ao pé, mesmo depois de curada, vai ficar, tal como dizem os antigos, vai ficar aí com um relógio para toda a vida. E sentir por antecipação as mudanças de tempo
bem, como a mana tesoura comentou por pontos (e partiu a casa toda!!!) eu vou comentar por "prontos":
1) antes de mais acho x(ch)unga ver gajas a tratarem-se por "vossa mercê"! ninguém está a olhar, podem-se tratar por "tu"!
2) eu sou um bocadinho doido pelos 'head e já os conheço há uns dez anitos. mas os gajos estão cada vez melhores, desde o OK, então, sempre a subir!!
o que faz com que cada vez que passam cenas que não pertençam ao kid, ao amn ou ao hail olhe para o dj com vontade de o fulminar... pq há que continuar a evoluir, como os 'head o têm feito! ;o)
3) o batô definitivamente é uma BOSTA! aquilo é sempre a mesma k7, sempre com as mesmas músicas das mesmas bandas!
4) quanto a cabelos posso-vos dizer que o meu ainda não está tão grande como estava há uns 6 anos atrás. mas está bem fortalhaço, obrigado! e a crescer! sempre a crescer! se precisarem de alguns conselhos capilares, let me know!
5) quanto aos pés torcidos: houve dois momentos chave enquanto eu andava dorido da mesma maleita:
a) quando apanhei uma bebedeira monstra em que cheguei a casa de gatas (literalmente) em que me deu para ver que andar de muletas não era assim tão desconfortavel!
b) quando comecei a por o pé no chão apanhei outra "daquele tamanho", de tal forma que nem lembrei mais que aquilo me doía, o que eu queria era rock!!
6) estou com o meu caro RPS: Gaja, podes estar cota para umas coisas, como andar saltar à corda ou jogar à macaca, mas de certeza que para outras estarás au point!
e "prontos", tá tudo...
Muito obrigadinha pelo seu comentário, senhor tudo no sítio certo!
Fique desde já a saber que gaja que é gaja não trata ninguém por tu, inclusivé pessoas da sua própria família. Por exemplo, eu já ouvi uma gaja dizer à sua filha "Ó Cristininha, feche a porta!" Por isso fique vossa mercê sabendo que o seu primeiro "pronto" não vai ter qualquer eco na nossa comunidade, porque a nossa etiqueta é algo de que não podemos, absolutamente, abdicar.
Quanto ao segundo "pronto", eu falo por mim, mas suponho que isto se estende a todas as gajas neste blog, também somos muito dedicadas a esses rapazes, autores da just e de tantos outros maravilhosos hinos... Algumas de nós chegaram a ir a Madrid expressamente para os ver actuar. Mas para mim, o ponto alto da sua discografia continua a ser o Kid A.
Vou passar o terceiro "pronto" à frente, por concordar obviamente consigo, e o quarto também, porque nós, as gajas, só aceitamos conselhos sobre estética quando estes provêm de especialistas, o que não me parece que seja o caso.
"Prontos" 5 e 6, sobre o pé torcido: aquando da minha torcidela de pé, já experimentei andar de muletas com uma intoxicaçãozita alcoólica (nós as gajas não nos embebedamos, está a perceber?), e recomendo vivamente! Tudo se torna muito mais simples!
:o)
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