28.12.04

Karl Lagerfeld dita ao seu butler a resposta aos comentários à sua crónica semanal exclusiva no gajasnocorte

Mesdames et Monsieur,

O menino Kalé está neste momento muito atarefado a desempoeirar a Lady Camilla dos maus tratos que o Prince Charles lhe tem infligido ultimamente. Manda dizer que verte de bom gosto uma lágrima sensível pela gentileza com que as suas palavras foram recebidas, e faz notar que, se há grão de decadência na sua esfíngica pose, então é porque a decadência é fashionable. Pede ainda para lembrar o menino que as crises só existem para serem sacudidas ao vento pela sua exquisite fan; e que faz todo o gosto em assinar un petit chiffon para o réveillon das nossas chiquíssimas gajas, nem que seja em gloriosos tons Tommy Hilfinger.

E com um aroma de Channel nº5 se despede, com graça e elegância.

(assina o butler de Monsieur Lagerfeld, na antecâmara do beaudoir de Lady Camilla Parker Bowles, assinatura ilegível)

Novas alianças...

Já sabemos que não haverá um acordo pré-eleitoral entre o PPD/PSD e o CDS/PP (que chiques que são, partidos com dois nomes). Mas não, o PSD não ficará sozinho num canto a chorar. Parece que o PPM e o MPT estão dispostos a dar-lhe uma oportunidade, uma colherinha de chá, só desta vez...
Pois é, ao fim de tanto tempo de amizade sincera, os sociais-democratas trocam os democratas-cristãos-que-usam-penteados-iguais-ao-do-nuno-rogeiro por novos amigos, os monárquicos-tenho-um-primo-que-é-conde-e-adorava-ter-um-rei-sei-lá e os ecologistas-gosto-imenso-de-cavalos-e-outras-bichesas-e-tenho-um-monte-no-alentejo!! É capaz de ser uma boa troca... A esquerda que se prepare, que depois desta inesperada união, há por aqui material para uma esmagadora maioria!!

A Crónica Social de Karl Lagerfeld

Haute-couture, fashion design, martini boys, Lady Di, Dom Pérignon, Vogue Magazine, Paris Hilton, crème de la crème, toujours et encore une fois; tudo aquilo que faltava a esta praça de Marraquexe lusa que é o gajasnocorte pode agora encontrar, aqui e em exclusivo, na minha crónica social semanal.
Entre duas tesouradas para compor um tailleur da próxima colecção primavera/verão da H&M e uma pedicure casual, cuidarei de partilhar com a leitora atenta as tendências das griffes em voga, de quem está in ou de quem ficou out, das conversas mais inquietantes nos bastidores das passerelles ou do que é que o Pedro Miguel Ramos disse à Fernanda Serrano quando esta lhe confessou na noite de núpcias que, afinal, não era virgem. E mais não digo que estou por esta altura atarefadíssimo com as 12 malas de viagem Louis Vuitton que preciso preparar para voar até Londres, onde me espera tristíssima a minha très chère amie Camilla Parker Bowles que, coitada, já nem sabe em que minha peça de lingerie exclusiva se há-de enfiar para convencer o Príncipe Carlos a sacudir-lhe as teias de aranha…
Mas o degustar destas iguarias reais, minhas queridas, ficará para o meu regresso, que agora chamam-me os ares puros da civilização! Ou, como diria o meu arqui-némesis português, o proeminente Carlos Castro: «hasta la vista, baby».


Karl Lagerfeld

23.12.04

vem cá o gato

Não é que uma gaja se interesse por estes eventos "culturais" menores, mas recebemos tantas visitas diárias que pode ser que esta notícia agrade a alguém. Não a mim, que horror... Estes jovens entram frequentemente no campo do desagradável!!


21.12.04

Personalidade do ano

Queridas gajas:
2004 está a chegar ao fim...
É chegada a altura de fazermos o balanço do ano que passou. Proponho que comecemos por eleger a personalidade do ano. A pedido de uma gaja amiga, aqui fica uma sugestão.

20.12.04

somos os maiores, essa é que é essa

Então amiga gaja, zangada com tanto clone de Papai Noel? Então não sabe que os Pais Natal do Porto voltaram a inscrever o nome de Portugal no grande livro dos recordes? O maior desfile de Pais Natal do mundo e também o maior comboio de Natal do mundo, já cá cantam. Estes acontecimentos vem juntar-se a outros feitos importantes realizados no nosso país como o maior logotipo humano do mundo, o maior canivete e maior ramo de noiva.... Temos também a maior árvore de Natal artificial da Europa em Lisboa e a maior árvore de Natal natural da Europa em Viana do Castelo!!
É claro que no meio de tudo isto, algumas tentativas falharam. Não me lembro que o programa do Júlio Isidro tenha conseguido angariar o recorde para o maior número de pessoas enfiadas num mini e não me consta que o Zézé Camarinha já tenha entrado para o Guinness, mas não percamos a esperança!!
Mas do que o meu povo gosta é dos recordes gastronómicos!! Do nosso espólio fazem já parte, a maior feijoada do mundo (ainda por cima servida em cima de uma ponte, o que é bonito!), o maior bolo-rei, a maior broa de milho e, mais recentemente, a maior salada de fruta. Tudo isto devidamente documentado nos telejornais...
É de mim ou os portugueses são um bocadinho compulsivos com isto dos recordes?? Ou se calhar sou eu que, mais uma vez, estou a ser injusta para com o meu povo... Provavelmente anda para aí muito país a tentar proezas como a maior paella, a maior pizza, o maior hamburger no pão ou o maior chop suey de galinha! Se calhar sou mesmo eu a ser mazinha, se calhar é! Digo eu, não sei...

Carta ao Pai Natal

Caro Pai Natal:

Como não sou gaja de falinhas mansas, vou directa ao assunto desta carta: por amor de deus, volta para a Lapónia!
Já estou farta de ti e das tuas milhentas versões. Estás por todo o lado. Nos anúncios de TV, pendurado na janela de todas as casas, no mesmo sítio onde até agora se agitava garbosamente a bandeira portuguesa, à porta de estabelecimentos comerciais, ou então, multiplicado por 30000, em desfiles barulhentos pelas ruas das cidades. O cúmulo foi quando te vi na televisão disfarçado de águia do benfica, a descer dos céus e a pousar no relvado. Ontem, ao fim da tarde, dei um passeio pela baixa do Porto e perdi a conta aos milhares de Pais Natais que vi, alguns em trajes pouco respeitosos, meios desequipados, a caminho de casa com as barbas debaixo do braço ... Enfim, figuras tristes!
O que é que se passa? Foste clonado? É que desculpa lá, é preciso manter as aparências. E as criancinhas que ainda acreditam que tu existes? Será que não ficam baralhadas pelas aparições múltiplas? Não pensas nelas?
Já agora, deixa-me que te diga que a imagem de velhote simpático já não vende. Não sei como se pode confiar em alguém cujo passatempo favorito é sentar as criancinhas nos joelhos e prometer-lhe mundos e fundos se forem bons meninos. É, no mínimo, duvidoso. Se não tomas cuidado, ainda és substituído pela Leopoldina.
Espero que atentes nestes meus conselhos e que tomes a decisão certa.

Sem mais assunto de momento, subscrevo-me atenciosamente

Gaja

17.12.04

a mala das gajas...

Aceitando o desafio do nosso amigo fridge/toquio, irei dissertar sobre o estranho universo da mala feminina.
Em primeiro lugar, caro fridge e demais leitores, não esperem da nossa parte nenhuma explicação simplista. Esta é uma temática complexa, e qualquer tipo de generalização não beneficia em nada a compreensão do fenómeno.
Para que os leitores melhor percebam a que me estou a referir, vou recorrer a uma imagem que me parece deveras esclarecedora: digamos apenas que as malas femininas são como os automóveis, ou seja, existem diversas marcas, modelos e feitios, para as mais diversas finalidades!
Senão vejamos:
  • as utilitárias - são as malas mais comuns (também chamadas bolsas), às quais qualquer gaja recorre no seu dia-a-dia. Lá dentro apenas o básico: carteira, chaves de casa, livro de cheques, telemóvel, óculos, óculos de sol, pensos higiénicos e/ou tampões, estojo de maquilhagem, lenços de papel, agenda, esferográfica, comprimidos para as dores de cabeça, baton de cieiro e ainda elástico e/ou ganchos para o cabelo, bloco de notas, escova e pasta dos dentes, pastilhas elásticas e, no caso das gajas fumadoras, o tabaco e o isqueiro.
  • as familiares - há gajas às quais não chega o volume de uma utilitária, precisam de qualquer coisa com mais espaço de arrumação. Isto porque, para além dos básicos, precisam de transportar sempre consigo 2 carteiras (uma para os documentos e outra com os cartões de crédito e notas) e um porta-moedas, bilhetes de cinema dos últimos 5 anos, horários de comboio e camioneta, toda a espécie de talões, contas para pagar, medicamentos (para além dos comprimidos para as dores de cabeça, há também comprimidos para as dores mentruais, enxaquecas, anti-ácidos, anti-inflamatórios e pomada para os herpes), pensos rápidos, cremes hidratantes (pelo menos um para as mãos e outro para o rosto), corta unhas, lima, etc etc etc . Nestes casos justifica-se plenamente uma mala tipo familiar...
  • as pochettes - a chamada pochette é o smart das malas. É minúscula e não cabe nada lá dentro. Não faço a mínima ideia para é que as pessoas as compram, tal como me acontece com os smarts.
  • a carteira cócó - é o equivalente aos desportivos topo de gama. Não primam nem pelo espaço, nem pela arrumação. São caríssimas e tem marcas chiquérrimas (uma Louis Vuitton será, por exemplo, o Rolls-Royce das malas). Usam-se por uma questão de estilo, moda ou afirmação pessoal. Tal como os homens compram um desportivo para impressionar as gajas, também as gajas compram malas cócós para impressionar as outras gajas.

Estive a pensar onde é que os homens que não usam mala transportam os seus pertences. E lembrei-me... o telemóvel no bolso no casaco e a carteira no bolso das calças. Não precisam de mais nada, segundo dizem. E depois, quando querem fazer as palavras cruzadas pedem uma caneta a uma gaja. Se precisarem de anotar alguma coisa pedem também um papelinho. E quando tem um pingo no nariz? Sabem que a gaja mais próxima terá um lenço de papel... Quando tem uma dor de cabeça, é à gaja que recorrem em busca do comprimidinho! Meus amigos gajos, vocês precisam tanto das nossas malas como nós!!

15.12.04

Infanticídio

O nosso demissionário Primeiro Ministro afirmou no outro dia (esta frase ficará para sempre ligada à história do séc. XXI português):

" Este é um governo a quem ninguém deu quase o direito de existir antes dele nascer, e que, depois de nascer através de um parto difícil teve que ir para uma incubadora e vinham alguns irmãos mais velhos e davam-lhe uns estalos e uns pontapés."

Pois é, parece que esses malvados irmãos mais velhos sempre conseguiram acabar com o piqueno governinho. Mais um caso de infanticídio em Portugal!

A Real Ciência do Corte: conceitos básicos

GAJAS et al. (2004). A Real Ciência do Corte: conceitos básicos. Real Corte 23(2): 2357-2358


Abstract
como é que se começa a escrever um imperial corte? é assim? é?
sem motivo, sem revolta partidária, só para meter a tesourada!

Introdução
escrever "uma posta" a duas (imperatriz e condensa) no sítio onde a real arte do corte começou (e onde se devia era estar a trabalhar...) tem tudo a ver (não tarda nada ainda somos interrompidas pela professora de cristalografia...) (três andares a baixo de nós é longe o suficiente: estaremos fora de perigo para não sermos reprovadas a mineralogia outra vez?)

Objectivos
Não há! é preciso?

Metodologia
cortar por cortar: é uma atitude, uma filosofia de vida. um glamour incontornável especialmente porque "a gente semos giras" e é sempre fácil cortar com quem não se conhece..(exemplo: conversas de autocarro dos quatro pares de cadeiras da frente)
quando se conhece atinge-se o pico pois pode-se sempre pôr os outros a cortar para nós e um simples olhar para o companheiro do corte faz maravilhas à pele....

Objecto de estudo
o "objecto de corte" esse é "quelque chose": tudo serve e nada também.

Resultados
1. a parapsicologia é uma ciência afim do corte (membro honorário come muitas laranjas)

2. todos cortam (mesmo aqueles que dizem que não cortam)

3. os homens também cortam; não adiantam negar: não passam de gajas macho desta sub- espécie Homo sapiens L. (é Lineu?) var. cortantis

Discussão
a) os "queixumes" também podem ser confundidos com "cortes": dá para misturar tudo...

b) dá para cortar nos "desorientadores científicos"

c) cada um tem o seu estilo mas o corte une as gentes: é universal: medidas standard

d) este blog é a reencarnação digital de uns certos capítulos cristalográficos: não esperem grande ciência, apenas considerações gerais

e) os visados pelo corte podem ser qualquer um: cheirosos no bom ou mau sentido (clausula que inclui a rapariga do cachecol), se calçam galochas ou não (clausula que inclui o mountainhero: esta é uma pribate joque) (no fundo são todas...), se gostam de boa ou má música (quem quiser inclua-se), ande so on ande so on....portantos o corte é uma ciência transversal: todos têm direitos e deveres de cortar e ser cortados. Isto senhores é a berdadeira democarcia....

f) ainda que isto seja uma ciência (tipo abrir pacotes de bolachas pela abertura fácil) todos podem dar a sua tesourada: mas atenção ao níbel! (cortar é uma ciência que requer o sublime toque da subtileza...e não é preciso abacalhar!)

g) não se podem escrever mais alíneas porque a partir da "f" já ninguém lê: não há pachorra para artigos com mais de f alíneas. (deformação científica de que está a fazer teses..)

Conclusão
resta o "dogma" da ciência do corte: as bolsas acabam, mas o corte não!!

Aknowledgementes: ao sinhore que criou isto dos blogues pois permite treinar a rapidez do teclado para a escrita de teses: devia ser recomendado a qualquer bolseiro com a corda no pescoço. (Grant:FCT 345/BD/34/2003). Se fosse tão rápido escrever artigos como blogues, éramos todos grandes investigadores. a revista Real Corte seria daquelas que tem mais volumes mais do que os meses do ano e chega à 59473829103754 páginas.
E bamos imbora que é tarde e a mim ninguém me paga para estar aqui. mas é fixe estar aqui - é tarde como o caraças...



12.12.04

As noites do Porto...

Ai meninas, que isto anda mal!
Talvez o assunto deste post seja para algumas de nós um motivo de alegria, mas para mim confesso que me decepcionou... Ora bem, ontem à noite fui cumprir um ritual que já há dois meses não praticava - Triplex, sábado à noite! Estava entusiasmada, que dois meses de jejum dessas loucuras deixam uma gaja esfomeada... Aparentemente, o festival Blue Spot, a decorrer simultaneamente, não afectou grande coisa a noite em termos de quantidade - menos gente do que o habitual, é certo, mas ainda assim casa cheia! Mas, minhas amigas, afectou a fauna! E de que maneira!
Vamos às contas:
- gajas em minoria esmagadora (por volta dos 25% do total)
- gajos divididos em duas classes:
  1. giros (mesmo giros, daqueles de ficar de boca aberta a olhar; 30-40% dos gajos, o que não é nada mau!);
  2. feios (daqueles que parece que é a mãezinha que lhes escolhe a roupa e que ainda não acordaram para as maravilhas do Clearasil);

(nada de meio termo, quero eu dizer)

- cada gajo giro estava atracado a outro gajo giro (80% dos casos) ou, esporadicamente a uma gaja; os gajos horrorosos andavam em manadas de cinco ou seis, aparentemente sem qualquer vínculo sentimental entre eles.

É desmoralizante. Anda uma gaja a produzir-se para sair à noite e é este o panorama. Onde estão os gajos giros e disponíveis, pergunto eu? Ou mesmo os gajos normalitos e saudáveis? Foram todos para o Blue Spot? Mas de onde saiu esta fauna? Sempre lá esteve e eu nunca reparei porque estava mais atenta aos gajos cuja falta eu senti desta vez? Estou perplexa.