31.3.06

maneiras imaginativas de controlar o défice


Abre já no próximo mês, no Parque das Nações (naquele que antigamente era o Pavilhão do Futuro), o novo casino de Lisboa. E o Senhor Mega Ferreira veio já avisar que está a pensar numa grande área comercial e um hotel ali para o Centro Cultural de Belém. Óptimas ideias, o que é preciso para vencer esta crise é espírito empreendedor.
Aliás, julgo que se deveria retomar a santanesca ideia de transformar também o Parque Mayer num casino. Sejamos sinceros: todos os portugueses de bom gosto preferirão com certeza uma centena de slot-machines, umas mesas de black jack e duas ou três roletas a uma revista do La Féria!
Eu iria mais longe. Proponho mesmo que se transforme Lisboa na Las Vegas da Europa. Mais uns casinos, uns hoteis temáticos aqui e ali, umas capelinhas de casamentos instanstâneos na zona das Docas. Depois era só espalhar uns néons Welcome to Lisbon nas entradas da cidade e à porta do aeroporto. Poderiam ser cor-de-rosa, ficaria bonito.
Para além da cedência de espaços públicos ao desbarato, estou ainda a imaginar uma outra enorme vantagem desta nova Lisboa. Ajudaria até a controlar o défice. O estado poderia fazer um protocolo com os proprietários e todos os supranumerários da função pública seriam convertidos em funcionários de casino. Punha-se essa gente toda a trabalhar, a trocar dinheiro por fichas, a vender tabaco ou chocolates em tabuleirinhos, todos com fatiotas de lantejoulas e pequenos chapéus ridículos. Toda a moça com uma boa perna poderia até chegar a corista, se assim o desejasse. Os homens bem apessoados e capazes de dizer Faites vous jeux e Rien ne va plus seriam automaticamente promovidos a croupier! Isto sim, seria a verdadeira reforma da administração pública!

30.3.06

Ou eu ou o benfica

Ele era um benfiquista ferrenho. Ela era uma gaja normal, cujo único crime era fazer anos no dia 5 de Abril. Quis o destino (ou a UEFA) que essa data coincidisse com a deslocação de um certo clube de equipamento encarnado ao campo de uma certa equipa catalã. Ela diz "Vamos jantar fora no meu aniversário?". Ele engole em seco, olha para ela com ar de pânico, e gagueja "Mas então e o Benfica?". Ela responde, com um olhar trágico "Então e eu?". O que irá acontecer? Não perca a continuação desta saga, aqui, neste blog.

28.3.06

(e recordar é viver)

27.3.06

Berlusconi, il grande pagliaccio

«Acusam-me muitas vezes de dizer que os comunistas comem os seus bebés. Mas leiam o livro negro do comunismo e lerão lá que na China de Mao eles não comiam bebés mas ferviam-nos para fertilizar os seus campos», disse Berlusconi numa acção de campanha em Nápoles.
Até me vieram as lágrimas aos olhos! Farto-me de rir com este gajo, tem mesmo piadinha! Até me faz lembrar o nosso AJJ! Tenho pena é que todo o seu talento, toda esta invulgar veia humorística estejam tão mal aproveitadas no mundo da política. Mas o circo já não é o que era - já não se reconhece um bom palhaço!

21.3.06

aos gatunos conscienciosos

Em nome de toda a minha família venho aqui agradecer publicamente aos senhores que tão habilidosamente furtaram o veículo do meu irmão da porta de nossa residência. Não só tiveram a decência de abandonar a dita viatura depois de pouco mais de uma semana de utilização, como tiveram a amabilidade de a deixar a escassos 70 kms de casa. Assim sim! Dá gosto ver que ainda há gente profissional. E eu que achava que já não se fazia gatunagem como antigamente!!
Larápio amigo, se me está a ouvir, deixo-lhe apenas mais um repto: importar-se-ia de devolver também o capot, a porta traseira, o pára-choques, os faróis, os piscas, o auto-rádio, as colunas e o escape? O macaco, o pnéu supelente e o triângulo nós arranjaros por cá, não se apoquente com esses pormenores! Se não for pedir muito, é claro! Sabe onde moramos, certo?

15.3.06

Ele é que era o presidente da junta

Esta semana uma notícia despertou a atenção das gajas. Mais um escândalo autárquico, a bem dizer, mas com contornos bastante particulares. Aqui está um excerto:

"Chamadas eróticas pagas com terrenos

A Portugal Telecom (PT) leva, hoje, à praça, no Tribunal da Guarda, três terrenos penhorados à Junta de Freguesia do Rochoso para cobrar parte de uma dívida superior a 50 mil euros, mais juros de mora contabilizados desde 1998. Uma conta de telefone avultada que resultou das chamadas eróticas efectuadas por um anterior presidente da Junta, que se demitiu pouco depois de rebentar o escândalo. (...) Nesse ano, José Pires Sanches, eleito nas autárquicas de 1997, numa lista independente, foi obrigado a demitir-se de funções ao ser confrontado com uma volumosa conta de telefone, telefonemas realizados em apenas dois meses e meio. O caso foi parar a tribunal, mas o Ministério Público arquivou a queixa-crime contra o autarca.(...)"

in JN, 14.03.2006

As gajas ficaram pasmadas com o volume da dívida e decidiram explorar o assunto. Quisemos tentar perceber afinal quanto tempo por dia é que o senhor José Sanches passaria ao telefone em vez de trabalhar. Sendo assim, assumimos que dois meses e meio correspondem a 55 dias úteis (e que o senhor não ia "trabalhar" ao fim de semana) e que o preço por minuto das chamadas para linhas eróticas é de dois euros. Para falar a verdade, não passámos muito tempo a investigar o preço; poderá ser mais, perguntamos nós? Parecer-nos-ia uma exorbitância, mas neste mundo tudo é possível (e a prova está à vista)!
Chegámos então à surpreendente conclusão de que o senhor José Sanches poderá ter passado em média 7 horas e meia por dia a ligar para linhas eróticas... Repetimos, 7 horas e meia!
Se o seu horário fosse de oito horas, como é normal (e não temos razões para acreditar que este autarca fosse um apaixonado pelo trabalho), isto deixava-lhe meia hora por dia para tratar dos problemas da freguesia que o elegeu.
Ficamos ainda intrigadas com o facto da queixa-crime ter sido arquivada. Os senhores do Ministério Público devem ter considerado que a falta do que fazer por terras do Rochoso, onde só há dois cafés e uma mercearia, são fortes atenuantes - um homem tem de se entreter com qualquer coisa...

14.3.06

circular interna

Caras associadas

É com muito pesar que a provedoria deste blog tem notado que andais a produzir muito pouco e que, quando o fazeis, é invariavelmente sem qualquer vislumbre da arte que antes dominaveis na perfeição – o corte. Apenas a título de exemplo, a Mana Tesoura, que actualmente se dedica quase única e exclusivamente à crítica cinematográfica, utiliza expressões como “Reese Witherspoon (…) revela-se uma actriz fenomenal” ou “menina loira da voz sedutora (Scarlet Johanson) está fabulosa”. Mas o que é isto? Não é este tipo de adjectivos que costumava, nos tempos áureos, ser lido por aqui, ora não? Se as coisas continuarem desta maneira, o melhor é mudardes de blog. Usai aquele template azul celeste para combinar com essas postinhas quase angelicais que escreveis. E já agora mudai também o nome para “raparigas de boas famílias na amena cavaqueira e sem maldade”. Achais bem?

Estais constantemente a perder boas oportunidades de escrever belas postas. Que tenhais deixado passar a visita do Senhor Bill Gates a Portugal absolutamente em branco perdoa-se, embora não se compreenda. Mas que não tenha havido um mísero comentário à sumptuosa presença da Dolly Parton na cerimónia dos Óscares isso é, de todo, inaceitável. E que tendes a dizer em relação à afirmação de Ribeiro e Castro, dizendo não ser nenhum chefe de banda? Não digais que não estava a mesmo a pedi-las! Piada tinha era cortar no Paulinho, com certeza. Mas não subestimeis o potencial dos restantes membros do PP! Aliás, não subestimeis todo um país onde todos os dias acontecem coisas que são para vós, amantes do corte, diamantes em bruto. Lapidai gajas. Lapidai!

Agora ide. Ide para vossas casas e voltai só quando tiverdes recuperado o brio e o veneno!

Ass.
A provedoria do gajas no corte

8.3.06

O enxoval

Só a palavra naperon, só por si, é um galicismo do mais piroso. Mas o pior problema do naperon é que ele nunca vem só. Traz consigo paninhos de tabuleiro, lençóis, toalhas e panos, tudo com muita renda, bordados, folhos e flores de cetim. Sim, estou a falar do ENXOVAL!

Eu diria que o enxoval é o terror de qualquer gaja. Durante anos ele representou a mais vil descriminação contra as mulheres – todos os Natais e aniversários, enquanto os meninos recebiam brinquedos, milhares e milhares de meninas do nosso Portugal foram presenteadas, por familiares de gosto duvidoso, com artigos para o enxoval. Não se faz!

Depois de cada Natal lá acabava tudo numa arca bafienta ou no fundo de uma armário da casa materna, junto com uma dúzia de bolas de naftalina. E depois por lá ficava abandonado e todas desejávamos fervorosamente não ter de desenterra-lo nunca. Um dia uma gaja decide mudar-se e finge esquecer-se de todos artigos têxteis-lar que acumulou durante uma vida. Umas vezes passa. Outras vezes não.

Acontece que o abandono do enxoval pode acarretar sérios problemas. Em primeiro lugar a família costuma ficar deveras sentida com a não utilização do material fornecido. Em segundo lugar há aquela altura da vida da gaja em que ela se apercebe da real utilidade da treta do enxoval e a necessidade é tal que qualquer uma pondera a utilização de umas toalhitas bordadas ou de uns panos de cozinha com o Galo de Barcelos.
No meu caso pessoal, o que me livrou de conflitos familiares de maior foi ter arranjado uma casa minimal. A escassez de mobiliário é tal que a torna muito pouco naperonável.

Deixo-vos, no entanto, algumas sugestões. Em primeiro lugar não custa nada tentar, desde cedo, sensibilizar a família para que, de facto, a existência de rendas e folhos é totalmente desnecessária. Pode também tentar a troca directa de artigos barrocos pelo modelo básico – algumas mães e tias estão disponíveis a negociações desse género. Em último caso, uma gaja com sentido prático pode sempre reciclar, descoser rendas e bordados, cortar lençóis, etc… Olhe, use a imaginação!

6.3.06

Crash

Como gajas que adoram o corte que somos deveriamos aproveitar esta altura do ano única para comentar os vestidos que desfilaram pela carpete vermelha. Mas não, a Mana Tesoura sente-se compelida a comentar antes as estatuetas. (Claro que o momento em que a mãe do filho do Ben Afleck quase caía foi lindo, mas esse dava uma posta só por si...)
Notas Positivas: Reese Witherspoon, Philip Seymour Hoffman e Ang Lee!
Notas Muito Negativas: A grande surpresa da noite para mim foi sem dúvida a vitória de "Crash" (Colisão). Como é que um filme destes é distinguido com o Oscar de melhor filme, quando havia na concorrência filmes como Brokeback Mountain e Capote? Primeiro, o filme é engraçado, OK admito isso. Mas por outro lado não é nada mais do que engraçado. Não é de todo original (O título é roubado do soberbo Crash do David Cronenberg e a ideia é em muito plagiada do fantástico Short Cuts do Robert Altman). O filme está rodeado de um suposto peso de comentário político, mas que raio de comentário? Quantos filmes já foram feitos sobre o assunto? Enfim, não me conformo com o facto de a mediocridade ser galardoada e apreciada. É triste dizer isto, mas lembra-me Portugal...
A mana tesoura

2.3.06

Relatório Trimestral do DEOCN

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1.3.06

O Carnaval à portuguesa

Ontem, pela primeira vez em muitos anos, decidi festejar o carnaval. Não, amigas gajas, não se assustem! Não desfilei num carro alegórico nem sambei de maminhas ao léu com a pele arrepiada com o frio do Fevereiro português! Não gosto de Carnavais importados! Quem chama aos carnavais que tentam imitar o do Rio "os mais portugueses de Portugal" está, em minha opinião, muito enganado!
Ontem fui a Podence, aldeia do concelho de Macedo de Cavaleiros, e delirei com os caretos. Para quem não sabe, os caretos são uma espécie de diabretes que têm as suas origens em rituais pagãos de fertilidade e que se festejam um pouco por todo o lado em Trás-os-Montes, embora estejam em perigo de extinção. É como um ritual de passagem dos rapazes à idade adulta. Fazem tropelias, entram em todas as casas da aldeia, dizem as verdades que lhes vêm à cabeça e perseguem as raparigas, a quem tentam acertar com os chocalhos que têm à cintura. Ainda tenho as nódoas negras nas costas dos quatro chocalheiros que me elegeram como alvo. Só me senti um pouco desconfortável com o careto franzino e com cerca de metro e meio que me abordou - poderia ser um rapazito de 13 anos? Não achei bem e neste caso em particular dei por mim a pensar que se calhar o carnaval com "tudo à mostra" às vezes tem as suas vantagens...