6.2.06

Um domingo no parque

Sabem como é, minhas amigas: uma gaja fica manca de repente, passa a mexer-se muito menos e subitamente apanha um susto ao olhar para a balança. Sim, é que basta olhar para mim para se perceber que nestes últimos meses atingi uma volumetria corporal nunca antes alcançada! Para além disso, a bem da recuperação do meu pé, há que o exercitar, tal como manda o fisioterapeuta. Pensei eu então: por que não juntar o útil ao útil (sim, o agradável nunca é para aqui chamado) e retomar um hobby há muito esquecido? Sendo assim, para perder calorias e mexer o pezinho doente, esta gaja decidiu ontem ir dar uma volta de bicicleta.
Como sou oriunda da cidade das bugas, às vezes esqueço-me de que o Porto está longe de ser um paraíso para os ciclistas. Para além disso, em Aveiro basta pedalar uns meros dez minutos para estarmos longe do centro da cidade e a respirar ar puro tendo um esteiro da ria como cenário (ai das meninas que se atrevam a falar mal da qualidade atmosférica de Aveiro, digo-vos já que são previsíveis e que não têm razão nenhuma!)
Para onde é que se vai andar de bicicleta no Porto, pensei eu, se não quero respirar fumo de escape? Para o parque da cidade, claro está. E assim começou a minha aventura.
Comecei por deslizar pela Rua de Nossa Senhora de Fátima abaixo e por descobrir que, afinal, os travões não estavam a funcionar tão bem como eu pensava e que, se queria acabar a jornada sem lesionar mais nenhuma parte do corpo, tinha que moderar a velocidade. A meio da avenida da Boavista, depois de aguentar estoicamente os buracos no chão e o trânsito que me fazia circular a uma velocidade superior à média dos restantes veículos, vi-me rodeada, ao parar num semáforo, por um enxame de scooters dirigidas por aquilo a que eu chamo gunobetos. Um gunobeto é aquele tipo de gajo que anda de cavas, calças curtas e boné, utiliza palavras como "desadesiva" com sotaque do Porto quando quer mandar alguém embora e que gosta de se reunir ruidosamente com os seus semelhantes nas esquinas de pacatos bairros residenciais ou estações de serviço. Estes gunobetos pararam mesmo ao lado da gaja, todos a acelerar, a produzir monóxido de carbono em excesso, a apitar e a fazer comentários jocosos e desagradáveis à gaja em cima da bicicleta. Mau, pensei eu, vou mas é pelo passeio! O pior é que andar de bicicleta no passeio é proibido, e com alguma razão... Depois de andar a fazer gincanas pelo meio das paragens de autocarro, postes de iluminação e transeuntes e de ter feito mais do que uma tangente aos carros estacionados, cheguei finalmente ao meu destino, pensando que a aventura estava terminada e que agora iria circular pacificamente no meio da natureza...
Pois, só que me esqueci de que os portuenses só conhecem dois sítios para onde ir passear: o shopping e o parque da cidade. Como estava um solinho agradável e os saldos já acabaram, adivinhem onde é que foi toda a gente... Em vez de um passeio a velocidade de cruzeiro, sem grandes interrupções, tive de passar o tempo todo a tentar não atropelar a avó enquanto me desviava da prima que por sua vez tentava desviar o cão do senhor que vinha a correr em sentido contrário que por sua vez saltava por cima da bola que a criancinha em cima do triciclo tinha lançado para o irmão que estava dentro do carrinho de bebé. Acreditem, minhas amigas, nem no recanto mais escuro do parque uma gaja podia andar à vontade. O passeio no parque da cidade acabou por ser mais um teste à paciência e aos travões da bicicleta do que à resistência dos músculos pouco exercitados... Após duas voltas, estava pronta para regressar a casa. O pior é que no regresso a Avenida da Boavista é a subir. Dado que o meu espírito de sacrifício já era nulo por esta altura, desmontei e levei a bicicleta a pé durante grande parte do percurso.
Estafada e com os músculos doridos, cheguei a casa e comi uma maçã. "Ai que saudável que eu sou", pensei enquanto acendia um merecido cigarro.

12 comentários:

gaja disse...

Ai gaja manca, que feliz foi o seu regresso à postagem...

rps disse...

Na qualidade de tripeiro avisado, ouso deixar-lhe um conselho: para além dos shoppings, são de evitar, ao fim de semana (e em particular aos domingos) o Parque da Cidade e Serralves.

Fil disse...

Seguindo o rps eu tb me atrevo a deixar uma dica, em relaçao a volumetria corporal. Por norma eu, peso-me so com um pe, acredita, ainda que mentira ajuda a reduzir substancialmente a culpa do 'crescer para os lados', exprimenta, lol.
E se a roupa nao servir, bem, e porque seguramente foi por erro a 90 graus|
E ja agora...as melhoras.

gaja disse...

Eu já tinha aqui enunciado um dos meus assuntos tabu para este ano: a vitória do Cavaco.
Aproveito esta posta para anunciar um outro - a volumetria corporal.

gaja disse...

Pois cara gaja manca,

A menina decididamente não aprende... antes de mais, não fica nada bem a menina andar a escrever postas destas quando é de longe a mais magra de todas nós... mesmo com todos os quilos que possa ter ganho neste período de invalidez. Para quem não está bem a ver a coisa, a cintura da gaja manca é assim mais ou menos do mesmo tamanho que o tornozelo da Kate Moss (ai que tareia que eu vou levar...!!!)
Em segundo lugar, mesmo que a menina precisasse desse exercício todo para abater uns quilos... ninguém vai andar de bicicleta para o parque da cidade... principalmente ninguém vai de bicicleta até ao parque da cidade a comer monóxido de carbono... existem várias coisas muito mais in como o ginásio e o pilates (já ouviu falar não já?).
Bem perdi o fio à meada...
beijocas da mana tesoura

gaja disse...

Fil:
Eu bem tento pesar-me de várias maneiras para ver se o resultado não é tão desanimador, mas não adianta! E se a roupa ainda vai servindo era porque dantes estava larga!

Mana Tesoura:
não me interessa que morra de inveja por eu ser mais magra que a menina. O que é certo é que, falando em números concretos como eu gosto, o meu peso aumentou exactamente 12,5% nos últimos seis meses. Imagine lá como é que a Mana ficaria com tanto quilo a mais! Queria ver se não ficava desesperada!
Em segundo lugar, eu vou de bicicleta para o parque da cidade porque gosto. Mas não deixarei de ir ao ginásio por isso. Apenas resolvi atacar a gordura extra com todas as armas à minha disposição. Menos fazer dieta, claro.
Quanto ao pilates, fique a menina sabendo que não serve para perder peso. Para quem não sabe o que é esta fabulosa modalidade que é praticada pelas pessoas mais in do mundo inteiro, que vá aparecendo por aqui, talvez me apeteça um dia escrever sobre isso.

gaja disse...

Eia! Quem são as pessoas mais in do mundo, manca?? Quero saber...

gaja disse...

Assim de repente, que me lembre, a Gwyneth Paltrow, a Oprah, a sua congénere portuguesa Fátima Lopes, e claro... EU!

rps disse...

Pilates?!!... Será uma técnica de lavar as mãos?...

Anónimo disse...

ai amiga gaja, não m'intressa nada esses 12,5% de qq coisa q ninguém vê, mas devo dizer-lhe que falar assim no seu pé aleijado fez meu coração nostálgico recordar.... o nosso apartamento sem sala nem cozinha, o pikeno joselito, a sua esplanada na praça central, o sempre prestável guia e seus bares & restaurantes... quero férias!!!
beijinhos de uma gaja à beira de um ataque de nervos

gaja disse...

Eu também queria férias, amiga gaja anónima (mas que eu sei quem é)! Realmente, que saudades de Cracóvia, um dos sítios mais in do mundo para se torcer o pé e ficar a tarde toda a esplanadar enquanto os amigos turistam... Mas veja lá, menina, acalme-se! Se quiser eu deixo-a vir comigo a uma sessãozinha de pilates. Não há melhor para relaxar!

Ana disse...

Eu não faço pilates mas faço outras coisitas de ginásio, tais como natação, banho turco, passadeira, remo, bicicleta. Perder peso não faz, mas faz bem às articulações... e à boa disposição para o resto do dia.