19.1.05

old whore’s diet

Diz-me o charming Rufus Wainwright ao ouvido um destes dias: «Kalé, dear, I’m so fucking tired of being an American gay messiah in this Bush’s Jesusland; I swear one of these days I’ll move to Portugal to rock what’s still left of my brains out». Retorqui-lhe que sim, que ma chambre serais toujours sa chambre, que rien jamais nous manquerais s’il choisissais venir – com o que a primadonna rematou: «and I always wanted to know what it’s like to live in a monarchy».
De todas as monarquias europeias, a que sempre mais me enterneceu foi a britânica, modelo de nobreza e virtudes para toda a alma mundana. Não por acaso, é aquela que é celebrada pelos seus súbditos com o canoro «God save the Queen», que aos meus delicados ouvidos sempre soou como «God save the queer». Escusado será dizer que a excelência de tão aprimorado regime só tem a dever ao facto de ter uma gaja a encabeçá-lo. O mundo teria uma nouvelle fragrance se fosse tomado pelas mais flabbergasting Ladys da nossa praça.
Donde tantas vezes me perca a sonhar para este jardim à beira mar plantado com a restauração monárquica que tanto carece. Nossa Senhora do Caravaggio me livre contudo de algum dia ter de ajoelhar diante de um rústico qualquer para colher a minha honra de Marquês do Parque Mayer! Não, a monarquia por que este país suspira para ser catapultado para o circuito da haute-couture international pede uma mulher coquette, glamourosa e cosmopolita para a conduzir. Mas quem de entre nós, gaja amiga, enverga o prestígio adequado para tão superlativo desígnio? Cogito penosamente, limo as unhas e burilo o óbvio: só quem teve o ensejo de nos levar mais além no Eurofestival da canção pode merecer semelhante crédito; só alguém que reuna o consenso histórico de homens de Estado como Júlio Isídoro, Eládio Clímaco ou Fernando Mendes pode conquistar o coração do nosso bien aimé Portugal, do Minho a Timor. Simone de Oliveira é, à falta de uma Simone de Beauvoir lusa, a rainha que sobra para este carnaval Lux.
Ah!, se um um dia ainda o Estoril tornasse a ser a Monte Carlo da África do Norte!...

KL

2 comentários:

gaja disse...

Ai, pelo amor de deus, senhor Kalé! A Simone de Oliveira para rainha? Não nos faça pensar em semelhante coisa! Não estaria mal, mas creio que o lugar requer alguém com mais savoir-faire. Eu proponho a Paula Bobone, acho que daria uma excelente monarca.

Anónimo disse...

Pois eu considero a Paula indigna de tal nomeação... Sim os seus feitos na literatura da etiquetas e bons modos podem ser inovadores é demarcáveis neste nosso País, contudo aquando de eventos públicos nunca a vejo a comportar-se à altura dos seus próprios escritos. Aliás, ja a vi em praça a publica a dizer: "Pois eu já escrevi algo sobre isto, mas agora não me lembro", enquanto emborcava um copo de tintol oferecido, ainda estava o acompanhante a encher o copo dele. O capítulo dos brindes tinha ficado para trás... Em contrpartida proponho a Maya para nos representar: God save the Queen Maya and the Royal Botox!