– do essencial e do acessório –

Muitas vezes me questionam sobre a pertinência em me pavonear em públicas aparições com a minha exquisite fan ou com os meus mesmerizing sunglasses. Alegam os meus detractores que tais artefactos não acrescentam ao meu fashionable look senão sobejo e pedantismo. Ora, benquistas amigas, tal obriga-me a vir perorar aqui sobre a vívida questão do essencial e do acessório. Que distingue um do outro? Como deve a femme d’aujourd’hui apartar com propriedade entre o must have e o must hate? Com que linhas de bon goût e savoir faire deve a minha querida leitora coser as suas escolhas em matéria de classe e distinção? Respondo prontamente: acessório é o objecto meramente solícito, enquanto essencial é o do prazer. Sim, porque só o deleite intelectual é absolument essentiel no espírito ravissant da woman do novo milénio. Por conseguinte, tudo o que a afasta do culto do seu bem-estar físico e psíquico deve ser por si considerado acessório.
A gaja amiga concordará, pois, que de todos os acessórios dispensáveis, o mais essencial será, sem dúvida, o homem. O homem deve sempre ser opção primeira a descartar na renovação do seu guarda-roupa, assim o exija a conveniência; de igual modo, é visto como tonificante da pele a regular substituição do exemplar em uso por outro de igual ou, se possível, superior vacuidade, cuidando assim do constante apuramento da raça. E se, no essencial, não encontrar alívio de espírito ao reformar o seu port-folio de tão escusado acessório, talvez seja avisado considerar - en tout cas - a sempre chiquérrima opção do gato persa.

KL