Foi a escrita da posta anterior que me fez recordar o episódio do senhor agente da PSP que demorou uma tarde para escrever um auto. Tudo porque tinha todos os dedos de ambas as mãos paralizados de medo do bicho informático, excepto o indicador da mão direita, que utilizava com a rapidez alucinante com que uma preguiça sobe a uma árvore.
Fui à esquadra acompanhar uma amiga, por causa de uma mala extraviada. Foi preciso dizer o nome da visada, o local do extravio e ainda fazer uma descrição exaustiva do conteúdo da mala. Se para qualquer mortal elaborar um rol das coisas que uma gaja guarda na mala pode ser demorado, imagine-se para um agente da PSP que escreve só com um dedo. Mordisquei as unhas, contei as moscas na sala, andei dezenas de vezes de um lado para o outro do balcão, num derradeiro teste à minha humana paciência!
Quando o senhor agente da PSP se preparava para imprimir o auto, algo acontece! O computador, caprichoso, bloqueia. O agente, aflito, pergunta:
Fui à esquadra acompanhar uma amiga, por causa de uma mala extraviada. Foi preciso dizer o nome da visada, o local do extravio e ainda fazer uma descrição exaustiva do conteúdo da mala. Se para qualquer mortal elaborar um rol das coisas que uma gaja guarda na mala pode ser demorado, imagine-se para um agente da PSP que escreve só com um dedo. Mordisquei as unhas, contei as moscas na sala, andei dezenas de vezes de um lado para o outro do balcão, num derradeiro teste à minha humana paciência!
Quando o senhor agente da PSP se preparava para imprimir o auto, algo acontece! O computador, caprichoso, bloqueia. O agente, aflito, pergunta:
- Alguma das senhoras percebe de computadores?
- Porquê, Senhor Agente? Algum problema?
- Bloqueou...
- Experimente fazer crtl + alt + del...
- Mas assim não perco tudo?
- Perde tudo? Não salvou o auto?
- Salvar...??
Foi aí que da minha mente em fúria começou a nascer um filme. Imaginei a cena em câmara lenta... Eu, com um salto acrobático tipo Matrix, a voar para o outro lado do balcão, a retirar de um golpe o revólver do coldre do polícia, a apontar-lhe a arma com as duas mãos estendidas. Eu a berrar-lhe, malvada "Vá, quero as duas mãos no teclado! Já!! Está a usar os dedos todos! E livra-te de escrever menos de cinco palavras por minuto, senão rebento-te os miolos!!".
...Quando acordei para a triste realidade, estava a minha amiga, resignada, a repetir o seu nome, a morada, o número do bilhete de identidade, tudo outra vez. Acabado o meu filme, fui obrigada a ir para o pátio apanhar ar, não fosse incorrer no crime de desrespeito à autoridade!
6 comentários:
Um verdadeiro choque tecnológico. ;)
Um choque foi, agora se era tecnológico...
(...) com um salto acrobático tipo Matrix, a voar para o outro lado do balcão, a retirar de um golpe o revólver do coldre do polícia, a apontar-lhe a arma com as duas mãos estendidas. Eu a berrar-lhe, malvada "Vá, quero as duas mãos no teclado! Já!! Está a usar os dedos todos! E livra-te de escrever menos de cinco palavras por minuto, senão rebento-te os miolos!!"
Adorei visualizar a cena, tanto com a Mouca como com a Manca.
É caso para dizer que a expressão "brasileira" de SALVAR um documento nunca fez tanto sentido!
;)
Era a Mouca, senhor RPS, era a Mouca. A Manca anda ocupada a candidatar-se a mais um emprego precário.
Mas já agora, gaja Mouca, deixe lá que lhe diga que me parece que anda muito irritável! Um dia com as florzinhas e respectivo pólen, outro dia com agentes da autoridade que não têm culpa de não ter formação... Calminha, menina, calminha, porque qualquer dia ainda junta a tensão alta ao seu rol de problemas físicos!
Ai gajas... Não adoram verdadeiramente a linguagem policial? No outro dia também me tocou ir prestar declarações a respeito do roubo do telemóvel de uma amiga. Neste caso, o agente percebia de computadores, ou pelo menos do básico para levar a cabo a sua função.
O que me divertiu foi que o senhor agente era uma máquina de converter discursos de pessoas normais (como eu) em intricados exemplos de linguagem policial. Eu descrevia um facto em português e ele traduzia para policiês.
Por exemplo, "Eu e os meus amigos tentámos ir ver se o víamos, mas já não o encontrámos" transformou-se em "Tendo ido no seu encalço na tentativa de recuperar o objecto furtado, as três testemunhas não mais o viram". E coisas do género, hilariantes, de que não me lembro com exactidão suficiente para transcrever aqui...
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