1.6.07
A infância absurda
História #1
Ao contrário do que acontece com a maioria dos miúdos, o primeiro dia de infantário não foi nenhum drama para mim. O dia passou-se alegremente sem birras, sem lágrimas e sem saudades. No dia seguinte, quando a minha mãe me acordou e me disse "toca a ir para a escolinha!" é que eu fiquei indignada... Uma vez ainda vá que não vá, mas ninguém me tinha explicado que aquilo se iria repetir indefinidamente. "Outra vez?", perguntei. E aí sim, fiz uma birra dos diabos.
História #2
Quando andava no infantário, tinha um namorado chamado Ricardo. Éramos um verdadeiro par. Um dia, o Ricardo ficou doente e faltou. Nesse dia casei-me com o Zé Pedro.
História #3
Quando era pequena, passava muito tempo na farmácia da minha avó. Uma vez, desapareci. Toda a minha família - e, em breve, toda a rua - desesperou à minha procura. Não havia maneira de eu aparecer e ninguém me via há já algum tempo. Até que me encontraram. Estava na loja em frente da farmácia, sentada na montra, a imitar um manequim. Estivera lá durante toda a agitação, à vista de toda a gente, mas ninguém se lembrara de olhar.
História #4
Devia ter uns 5 anos quando cheguei à conclusão que lá em casa devíamos ser mesmo pobrezinhos. A única explicação plausível para a minha mãe não me deixar beber leite condensado todas as manhãs era o facto de ele ser mais caro que o normal.
História #5
Quando era pequena tinha dois amigos imaginários. Chamavam-se "Choné" e "Pêla" - e não me perguntem o que é que Pêla quer dizer porque eu também não sei. Iam comigo para todo o lado, dava-lhes as mãos na rua para atravessarem em segurança e falava com eles. O mais interessante é que, mesmo na minha imaginação, não eram de carne e osso. Tinham forma de - como hei-de descrevê-los? - bolas de cotão.
A gente sabe que esta posta não faz muito sentido nem tem muita piada, mas queríamos abrir aqui um fórum. Esperamos que os nossos leitores também partilhem as "coisas absurdas que pensavam e faziam quando eram pequeninos". Em jeito de homenagem ao dia da criança...
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8 comentários:
Agora lembrei-me do meu auto-demínio infantil para me portar bem, de modo a não ser paternalmente condenado à pena máxima: não ir, no domingo seguinte, ao futebol com o meu avô.
Gostei particularmente da História #3. Se um dia for reeditada, solicito ser previamente avisado. Serei discreto ao passar pela montra.
...discordando um pouco da autora do post queria dizer o seguinte (apesar de ser leitor recente do vosso blog):
-este post faz muito sentido!
-este post tem piada (é diferente das tretas habituais que encontrei sobre o mesmo tema)!
-o vosso blog é bastante bom, só peca pela frequencia das actualizações, mas entendo o tempo não dá para tudo...
-por último, bom resto de fim semana; noutro dia, com outra disposição, logo vos passo algumas histórias da minha infância;
Antes de mais deixar aqui o meu elogio a este blog, no qual já tinha passado uma vez e onde voltei agora.
Creio que esta forma de celebrar o dia da criança é bem original, e estas pequenas estórias fazem-nos largar um sorriso. Na minha infância não tive infantários, pois andava livre pelas ruas sem as preocupações que hoje são a regra. Eu e os meus amigos, tínhamos uma quinta ali perto onde nos perdíamos em aventuras imaginadas por nós próprios. Também havia um grupo mais velho, onde estava o meu irmão e onde eu era companhia frequente até a altas horas da madrugada: a conversar, ouvir e tocar música (e isto marcou-me imenso) ou a jogar. Haviam as fogueiras dos santos populares, que fazíamos no meio da estrada, em 3 locais diferentes, pois assim a área de alcatrão derretido não era a mesma (lá vinha a câmara, antes do inverno, repavimentar aquilo). Nessa altura, a saltar a fogueira, espetei um prego no pé, que me furou a sola dos ténis que tinha calçados. Foi o mais forte sentimento de proximidade que tive com a paixão de Cristo, e espero nunca mais voltar a sentir nada igual. É bom voltar a recordar esses momentos...
e agora vou lá mais a baixo comentar o FMI do José Mário Branco.
Quando era miúda, tal como o strange quark, também andava pelas ruas da cidade onde moro e sempre morei. As bicicletas circulavam livremente na rua, e aos 4 anos aprendi a conduzir a minha, sem ajuda de rodinhas que isso eram mariquices para meninas totós. Nunca mais esqueço o 1º dia: o pai ao longe a observar e a menina a espetar-se contra uma pilha de caixotes de madeira da fruta, da mercearia em frente da nossa casa... A bicicleta tinha ganho vida própria!! Não obstante, meses mais tarde entrei numa competição mista e escusado será dizer que ganhei o 1º lugar, para infelicidade do filho da colega da mãe, que ficou em 2º e desde logo percebeu que o lugar das mulheres no mundo estava a mudar...
Experimentei a paixão de cristo por 2 vezes, sendo que uma delas teve que 1 tia arrancar o prego com 1 alicate...
O 1.º namorado tive-o cedo e assim, cedo percebi, que a maioria dos homens são parvos e desinteressantes...
Não aprendi a ler sozinha mas fui a primeira da turma a ler a 1ª palavra, que nunca mais esquecerei: "pato".
E fico-me por aqui, mas haveria mais para contar, claro... :)
Eu dava grandes saltos do tapete para o chão...
Nas aldeias era normal haver, em cada quintal, um monte de estrume coberto com um plástico muito grosso. Eu e a minha irmã subíamos ao telhado e saltávamos para cima do monte de estrume, que era relativamente mole. Passávamos tardes inteiras nisto.
E anos mais tarde, a conversar com uma amiga da faculdade, descobri que ela e o irmão também tinham sido praticantes do salto para o monte de estrume!
Belas historias , tenho uma lágrima ao canto do olho !
A história #2
só vem comprovar
como as mulheres são levianas.
lol
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