Nós, portugueses, temos a ideia generalizada de que somos piores do que os outros em tudo. Um desses preconceitos é que somos, vá lá, porcalhões. De facto, quando pensamos nas nossas ruas, se calhar esta ideia tem uma certa razão de ser: cospe-se para o chão, espalha-se lixo por todo o lado, não se apanham os cocós dos cães, os gajos fazem xixi pelos cantos quando bem lhes apetece, vomita-se de nojo mal se entra numa casa de banho pública, enfim, tudo coisas que fazem certamente arrepiar a pele a um escandinavo que cá chegue sem ter lido o capítulo "Quick facts about Portugal" do seu guia Lonely Planet. No entanto, basta visitar Madrid, por exemplo (ou Amsterdão - nunca lá estive mas sei isso de fonte segura) para se perceber que, se calhar, as nossas cidades até estão muito aquém do nível máximo de porcaria que uma metrópole pode suportar.
Mas quanto à higiene pessoal, minhas amigas, desdramatizemos: poucos povos se poderão orgulhar de ser tão lavadinhos como nós. Vamos aos factos:
- conheço, como é lógico, muito mais pessoas portuguesas do que estrangeiras; no entanto, as três pessoas mais malcheirosas com quem já convivi são um inglês, um irlandês e um argelino (a bem dizer, não conheço o argelino pessoalmente, mas o meu nariz já conviveu com ele o suficiente; e há que se lhe fazer justiça: o inglês anda muito melhor desde que casou com uma portuguesa).
- claro que também há portugueses malcheirosos, mas enquanto assim de momento só me lembro de um ou dois, poderia citar muitos outros exemplos estrangeiros de odor corporal desagradável, incluindo holandeses, alemães, belgas, franceses e americanos. Isto sugere que a taxa de pessoas malcheirosas (TPMC) é muito mais elevada fora de portas.
- curiosamente, até à data não tenho grande razão de queixa de espanhóis ou italianos, pelo que suspeito que a tendência para uma baixa TPMC é característica dos países mediterrânicos. Claro que quando se atravessa o estreito de Gibraltar a história é outra, como as gajas bem se recordarão!
- embora predominante, isto não é uma característica exclusiva dos gajos. Na realidade, em tempos conheci uma austríaca que disse com um certo tom de desdém que nós, portugueses, tomávamos banhos a mais.
Mas a história não se fica por aqui. Analisemos a situação da limpeza dentro das nossas casas. Os portugueses têm uma verdadeira obsessão por este assunto. Dona de casa (e dono também, não me digam que essas coisas são mariquices de gaja) que se preze tem a casa num brinquinho. Eu própria sofro por vezes por não poder manter o meu lar-doce-lar à altura - infelizmente, partilho o meu espaço vital com dois felinos que parecem sentir um especial prazer em sujar o que acabei de limpar. Há algum tempo, li algures que os portugueses dedicam mais não-sei-quantos-porcento do seu tempo às tarefas domésticas do que os habitantes do norte da Europa. Em concordância com este facto, o pouco que conheço do estado higiénico das habitações por esse mundo fora sugere-me que, mais uma vez, os portugueses se destacam pela positiva.
Estou orgulhosa comigo mesma: reparem que, não deixando de cortar na casaca de alguém, até consegui inaugurar uma nova tendência aqui no blog - a de dizer bem por comparação. Ah! E por favor não me acusem de xenofobia ou outra coisa do género: como poderão constatar, segui um raciocínio perfeitamente lógico e científico, à prova de qualquer preconceito. São os factos que falam, minhas amigas!
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6 comentários:
É... Um post limpo.
Amiga gaja manca amor meu...
Concordo plenamente... Mas devo tambem dizer-lhe que assim de repente, nos tres anos que ja passei aqui no meio do deserto dos EUA/Mexico, nunca me apercebi de pessoas mal cheirosas... durante os seis meses passados em Espanha tambem nao me apercebi de pessoas particularmente mal cheirosas (o que sustenta a sua teoria mediterranica)... Se calhar o meu nariz nao e assim tao apurado quanto isso... ou se calhar eu propia sou tao mal cheirosa que nao consigo sentir o cheiro dos outros....
Por fim, quanto as casas tambem nao posso dizer... mas uma coisa posso dizer... o carro do "amaricanho" medio e um grande balde do lixo... E sempre uma aventura entrar num destes gigantes SUV... ele pode-se encontrar de tudo... o mais comum sao os recibos, restos de comida, embalagens de mostarda e ketchup de uma qualquer cadeia de fast food... diversas pecas de roupa (entre as quais as roupas do ginasio que estao sempre ali nao se va ter uma maluca ideia de la por os pes), botas de montanha (nao se va querer ir fazer uma deliciosa caminhada nas montanhas) perfumes, cds variados e diversos... etc... ele e de tudo... O que por um lado e bom - pode-se muito bem num instante julgar a personalidade da pessoa pela quantidade de "crap" que por ali se apanha...
Felicidades e jocas muitas...
E bom ver que a menina se conseguiu desviar por uns momentos da sua outra escrita...
A facadas
Xiu, não falemos de carros! Como a menina facadas bem sabe, a honestidade não me deixaria cortar em carros alheios quando o meu próprio veículo está no estado em que está!
pois pois... os carros é diferente!
Não é que conheça muitos sítios, agora os que conheci, fizeram-me gritar aos quatro ventos "Sou Portuguesa!". Coisa que não achava possível! Já estive em cidades europeias, as bem educadas e límpinhas de que ouvimos falar, e tive de pontapear latas de refrigerantes para entrar no metro; vi pessoas atirarem grandes copos de bebida das cadeias de fast-food para o chão, sem pensarem duas vezes; calquei mais merda de cão na via pública em 4 meses do que em toda a minha vida!
Pessoal a cuspir em todo o canto esquina? Venham eles! PORTUGAL! PORTUGAL!
...comparar grupos tão vastos é tomar a parte pelo todo e haverão sempre possibilidades de erro...no entanto quando vemos os ingleses que nos visitam no verão ... em que a sujidade faz de protector solar... vemos que se somos porcalhões esses também serão...
FORÇ'AÍ!
js de http.//politicatsf.blogs.sapo.pt
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