Oráculos avulsos profetizam Bob Geldof para Nobel da Paz. Muito me tem preocupado a possibilidade deste Mahatma Gandhi de África ser ultrapassado na contenda pela dupla Tony B. & George W. Não está certo, não. Um campeão da caridade da envergadura do irlandês não pode ser preterido por uma qualquer parelha de carniceiros fascistas burgueso-desviantes. Senão vejamos: quem é que em 1985 pôs o Live Aid a patrocinar as campanhas militares do general Mengistu na Etiópia? Quem é que, 20 anos volvidos, erigiu o Live 8 como a maior campanha de reabilitação mediática de artistas falidos de sempre, como o próprio Geldof? E quem é amigo do Bono Vox, quem é?
Os cínicos serão rápidos a apontar que uns meros 80% da ajuda ocidental enviada para África fica retida nos bolsos de dirigentes corruptos ou que os sucessivos perdões de dívidas externas africanas não servem senão as aspirações totalitárias de ululantes Kumba Ialás ou Mobutu Sésé Sekos – mas fashion victims como Geldof e eu não alinham com cínicos. A nossa devoção, a nossa fraternidade e o vosso dinheiro vão antes para a multitude de africanos oprimidos por Tony & George, que sufocaram os famintos com 800 biliões de euros nos últimos 50 anos, e continuam a ameaçar com mais.
Se réstia de justiça sobrar ainda neste mundo, Bob Geldof deve não só ser o próximo recipiente do Nobel, como ainda ser canonizado vivo por Bento XVI. Nem que seja por ter conseguido a paz entre Roger Waters e David Gilmour para ressuscitar os Pink Floyd em palco.
– KL
2 comentários:
Ai muito obrigada, menino Kalé! FIquei muito sensibilizada com a sua intervenção, por várias razões! Em primeiro lugar, porque, apesar de ser uma pessoa tão terrivelmente ocupada, arranjou um tempinho para escrever no nosso blog, coisa que nós, gajas domésticas e dedicadas exclusivamente à sua vida social, não conseguimos. Em segundo lugar, por escrever sobre um assunto sério, que nos faz pensar. Sim, apesar de ser verão e de estarmos muito ocupadas a adquirir uma corzinha pelas praias do Algarve (tendo o cuidado óbvio de cobrir as partes do corpo ainda não intervencionadas com pareos de griffe para que a nossa celulite não apareça em grande plano na Caras), é sempre bom puxar um pouco pela massa cor-de-rosa (sim, minhas amigas, isso de massa cinzenta está completamente démodé). Apesar de não ter compreendido muito bem o inglês do título, parece-me que o menino Kalé quis dizer qualquer coisa sobre pobrezinhos. Eu gosto muito de pobrezinhos. Principalmente desde que vi na televisão que a minha amiga e musa inspiradora Lili também gosta (e que até lhes dá tigresses Jean-Paul Gautier, vejam lá!) Por isso tenho de concordar que é preciso fazer qualquer coisa pelos pobrezinhos. Será que se organizássemos uma festa de caridade na Casa do Castelo também éramos candidatas ao prémio Nobel da Paz? Era o máximo, não era? Para marcarmos uns pontos convidávamos montanhas de noruegueses da comissão atribuidora do prémio (eu achava que eles eram suecos, mas não) para ficarem nossos amigos (toda a gente sabe que os nórdicos não resistem às belas praias do sul) e já era meio caminho andado. Contratávamos uns fotógrafos da Caras de lá para aparecermos na mesma página da princesa Marta Luísa e garanto-vos, minhas amigas, estava no papo! É que, a avaliar pelo que o nosso amigo Kalé referiu, o que é essencial para ser candidato ao prémio Nobel da Paz deste ano não é realmente fazer coisas importantes, é fazer coisas em grande e cheias de cobertura jornalística!
Foi realmente um prazer voltar a ler uma das suas postas menino Kalé. Mas devo dizer-lhe que desta vez não concordo nada consigo. E não concordo por duas ordens de razões:
1º Esse Bob Geldof é um possidónio de todo o tamanho - onde já se viu, em pleno século 21, um corte de cabelo daqueles;
2º Eu estou a torcer pelo Tony & George. Sou verdadeira fã! Desde os áureos tempos do Laurel & Hardy que não se via uma dupla tão catita...
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