4.5.05

As gajas também falam de futebol...

Regresso hoje, caras gajas, para vos falar de futebol. E, tal como a maioria dos comentadores desportivos, não vou falar do desporto propriamente dito. Por um lado, porque o que se passa dentro das quatro linhas não me interessa minimamente; por outro, porque não percebo nada do assunto. OK, OK, esta desculpa é esfarrapada, o que há mais por aí são pessoas que falam do que não sabem e dentro de cada português vive um comentador de todo e qualquer assunto, pronto para ser libertado. Mas acreditem, para mim, tanto me faz se houve fora de jogo ou se um golo foi mal anulado. Se nutro algum interesse futebolístico pelo clube da minha terra, é só porque sou uma gaja regionalista. Provavelmente, quando se der a trágica e inevitável descida à Liga de Honra, encolherei os ombros, esquecerei o assunto e dedicar-me-ei ao coleccionismo de moliceiros de porcelana ou ao engordamento por ovos moles!
Também não vou falar dos futebolistas, porque gajos de cabelo comprido atrás que andam com correntes e/ou dentes de ouro e usam a terceira pessoa do singular para se referirem a si próprios não fazem o meu género. Por isso, se já estavam a imaginar que este post iria descambar numa lista do estilo “Os dez melhores pares de pernas da Super Liga” ou coisa parecida, desenganem-se.
Vou, sim, falar de um facto que só demonstra que o futebol, nos dias que correm, não tem piada nenhuma. O Chelsea conquistou o título de campeão inglês, depois de 50 anos sem ganhar. De quem é o mérito? Os portugueses, como sempre cegos pelo lusitano orgulhinho que tão poucas vezes podem manifestar, dizem sem hesitação que o mérito vai todo para o Mister Mourinho. Eu acho que não. Talvez fosse uma questão de ingenuidade, mas eu achava que, no desporto, o que interessava realmente era o jogo, a emoção, a incerteza, o suor, as lágrimas e essas coisas todas. Mas, infelizmente, parece-me que, como tudo o resto, os campeonatos desportivos são como enormes jogos do monopólio onde tudo se compra e tudo se vende e ganha quem tiver o maior maço de notas. Se eu fosse rica e um dia por acaso me fartasse de negociar petróleo, era possível que me passasse na real gana "E se eu comprasse o Beira-Mar?". E com o meu orçamento ilimitado também comprava um treinador com currículo, recheava o plantel com todos os craques que o dinheiro pode comprar e montava uma televisão privada para mobilizar os adeptos. Depois, reclinar-me-ia na minha cadeira preferida, a beber o meu whisky de 25 anos enquanto via no camarote privativo as vitórias e os pontos a amontoarem-se. Digam-me lá, amantes do futebol: seria justo?
Agora a sério, para mim, o que teria tido realmente piada era que o Chelsea não tivesse ganho. Isso é que era lindo! Significaria que, apesar de tudo, não é o dinheiro que faz o mundo girar. A idealista de esquerda que há em mim rejubilaria! Mas isso não aconteceu e assim como assim eu nem gosto de futebol...
Mas já agora, faço aqui uma proposta à FIFA: limitar o orçamento dos clubes de futebol. Cada clube só teria direito a gastar um determinado montante por ano, gerido como entendesse: passes de jogadores, equipa técnica, corrupção de árbitros, manutenção dos estádios, publicidade, impostos (não aplicável a equipas portuguesas), etc. Todas as receitas que obtivessem para além deste montante teriam de ser canalizadas para instituições de caridade. As vantagens seriam incontáveis: os campeonatos seriam mais justos; os jogadores deixariam de ganhar exorbitâncias sob a pena de ficarem desempregados devido ao facto de o seu salário perfazer a totalidade do orçamento da equipa; por cada árbitro corrupto haveria um jogador no desemprego (sim, que as prostitutas estão pela hora da morte!); e, mais importante ainda, deixaríamos de ver certas e determinadas pessoas a fazer figuras ridículas de roupão.

4 comentários:

Anónimo disse...

www.radio-logia.blogspot.com

O primeiro programa sem sentido algum. E onde se mostram mamas.

gaja disse...

A amiga gaja é uma idealista.

A vida não é justa.
O futebol é como a vida.
Logo, o futebol não é justo.

Não sei se este é ou não um bom silogismo (a minha filosofia clássica deixa um tanto ou quanto a desejar), mas uma coisa é certa: se o futebol fosse justo ninguém lhe achava piadinha nenhuma!!

com um kiss da gaja marilu
(torcerei pelo seu beira-mar)

Anónimo disse...

Pois é cara gaja, chegou a hora de encolher os ombros, esquecer o assunto e dedicar-se ao coleccionismo de moliceiros de porcelana ou à engorda por ovos moles!

Pedro

ASPHALTO disse...

O Chelsea ganhou. Mai' nada.

Claro que eles eram todos muito bons virtude do graveto que lhes pingava no bolso. Ainda bem que ganhou. Assim fico muito mais crente na ciência outra vez do que na inconstância da "sorte".

Ainda bem que há pessoas que tomam atitudes de louvar. Há um russo que acabou de mostrar ao mundo que o futebol de massas deixou de ser um desporto. É um entertenimento holliwoodesco e pouco faltará para ser uma fajutice completa, como o WWF.

"Pão e circo", é o que o povo pede.
"Fátima, futebol e fado" noutra versão da mesma cantilena...

(para os politicamente canhotos, WWF além de ser acrónimo para o World Wildlife Fund é-o também para o World Wrestling Federation)