22.7.08

O naperon gigante



Primeiro julguei tratar-se de mais uma das loucas corridas ao Guinness às quais os portugueses tão bem nos habituaram: depois do pão com chouriço gigante ou da maior árvore de Natal, eis que chegava a hora da maior colcha do Mundo! Mas logo me lembrei que esta é mais uma ideia peregrina de Joana Vasconcelos, depois de ter “embelezado” a Torre de Belém com um magnífico colar e de ter coberto o castelo de Santa Maria da Feira com uma manta. É a mania das grandezas, diria a minha avó se cá estivesse...


Benditas sejam as centenas de mulheres que passaram horas das suas vidas a fazer croché para o ambicioso projecto da artista plástica. Mas na minha opinião (e reparem como sou uma gaja desprovida de sensibilidade artística) aquilo é um naperon gigante. E o que há para dizer de um naperon, mesmo que ele seja muito, mas muito grande? Passo a citar o final da nota explicativa deste enorme pedaço de arte:

"Varina, apesar de recorrer a signos tradicionalmente femininos, sem os renegar, apresenta-os transfigurados pela monumentalidade da escala, autêntico encómio à condição feminina, insinuando a realização plena de uma eventual individualidade através da subversão, em favor do sujeito, das normativas sociais impostas."


Ahhh! Ok! Isto simboliza coisas, já podiam ter dito... Pronto! Sendo assim, não se fala mais nisso. Se o naperon insinua realização plena de invidualidades que, ainda por cima, são eventuais, então está bem. E subversão - agora que os senhores falam nisso estou ali a ver num cantinho do naperon umas malhas mais para o subversivo, ah pois estou!

Deixando a ironia por breves instantes, numa coisa concordo com esta explicação: é a escala (e eu diria APENAS a escala), o que distingue esta "instalação" do objecto que, em boa parte das casas portuguesas, é usado para cobrir o televisor, não vá ele apanhar pó!

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
gaja disse...

A artista devera ser seguramente uma boa artista (isto muito embora, uma caloiras como nos sejamos incapazes de compreender uma palavra do que ela diz). Aquilo e grego?
Enfim, va la, nao seja mazinha, um naperon da sempre muito jeito. Se uma gaja tens as maos suadas ou coisa do genero esta ali mesmo pronto a ser usado... e depois, o naperon de crochet e uma reliquia cultural que nao deve ser menosprezada.

A facadas
(este comentario desispirado foi colocado aqui por meras obrigacoes contratuais que nao podem ser neste momento reveladas! Agradecemos a vossa compreensao).