Aqui há uns tempos, ao meditar sobre a vida de casais que conheço, cheguei a uma conclusão interessante e apeteceu-me hoje partilhá-la com vocês.
Qual é a característica feminina que é que irrita mais o elemento masculino de um casal? Enfim, pode haver inúmeras respostas, mas julgo que a mais consensual será a imprevisibilidade da gaja. O meu pai, por exemplo, queixa-se frequentemente "Não sei o que deu hoje à tua mãe!".
E o que é que irrita mais uma gaja? Precisamente a previsibilidade do parceiro... Coisas do género "Irra! O teu pai deixa sempre as meias sujas no meio do quarto!".
E de repente apercebi-me. Conheço muito poucos gajos imprevisíveis. Será de mim ou será deles?
24.4.06
17.4.06
Les ponhonheaux
Antigamente o regresso do emigrante era um fenómeno sazonal, que acontecia num período de tempo muito definido - o mês de Agosto. Logo no início do mês enchiam as praias, as romarias e as estradas, mas em Setembro já estavam de volta ao trabalho.
Nos dias que correm tudo mudou! Aparentemente indiferentes à crise e ao aumento do preço dos combustíveis, este ano fizeram-se à autorute bastante mais cedo e rumaram até ao seu querido Portugal, os mais velhos porque já estão na retrete, outros para uns dias de vacances da Páscoa.
É agreable saber que a vida corre bem aos nossos emigras, que podem viajar mais vezes, profitar a vida e tudo e tudo e tudo. O único senão é que eles continuam a ser os maiores ponhonheaux da estrada alguma vez vistos! Não sei como se conduz lá para os lados de Champigny, mas aqui comportam-se como se tivessem tirado a carta de condução em Marrocos (país onde circular nas rotundas no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio é facultativo).
Por isso deixo aqui um apelo, tal como já fez o Graciano Saga! Emigrante, faz cuidado! Não deites a tua vida (nem a minha, que ia tão sossegadinha na minha faixa) na pubela! E se em Agosto viesses de avião? A Ryanair já voa para Paris!
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Pequeno dicionário françoguês-português
autorute - autoestrada
retrete - reforma
vacances - férias
agreable - agradável
agreable - agradável
profitar - aproveitar
ponhonheaux - adaptação livre da autora da palavra ponhónhó (everything in its right place™)
Champigny - o m.q. arredores, arrebaldes de Paris
faz cuidado - tem cuidado
pubela - caixote do lixo
14.4.06
de como escrever um auto pode demorar uma tarde
Foi a escrita da posta anterior que me fez recordar o episódio do senhor agente da PSP que demorou uma tarde para escrever um auto. Tudo porque tinha todos os dedos de ambas as mãos paralizados de medo do bicho informático, excepto o indicador da mão direita, que utilizava com a rapidez alucinante com que uma preguiça sobe a uma árvore.
Fui à esquadra acompanhar uma amiga, por causa de uma mala extraviada. Foi preciso dizer o nome da visada, o local do extravio e ainda fazer uma descrição exaustiva do conteúdo da mala. Se para qualquer mortal elaborar um rol das coisas que uma gaja guarda na mala pode ser demorado, imagine-se para um agente da PSP que escreve só com um dedo. Mordisquei as unhas, contei as moscas na sala, andei dezenas de vezes de um lado para o outro do balcão, num derradeiro teste à minha humana paciência!
Quando o senhor agente da PSP se preparava para imprimir o auto, algo acontece! O computador, caprichoso, bloqueia. O agente, aflito, pergunta:
Fui à esquadra acompanhar uma amiga, por causa de uma mala extraviada. Foi preciso dizer o nome da visada, o local do extravio e ainda fazer uma descrição exaustiva do conteúdo da mala. Se para qualquer mortal elaborar um rol das coisas que uma gaja guarda na mala pode ser demorado, imagine-se para um agente da PSP que escreve só com um dedo. Mordisquei as unhas, contei as moscas na sala, andei dezenas de vezes de um lado para o outro do balcão, num derradeiro teste à minha humana paciência!
Quando o senhor agente da PSP se preparava para imprimir o auto, algo acontece! O computador, caprichoso, bloqueia. O agente, aflito, pergunta:
- Alguma das senhoras percebe de computadores?
- Porquê, Senhor Agente? Algum problema?
- Bloqueou...
- Experimente fazer crtl + alt + del...
- Mas assim não perco tudo?
- Perde tudo? Não salvou o auto?
- Salvar...??
Foi aí que da minha mente em fúria começou a nascer um filme. Imaginei a cena em câmara lenta... Eu, com um salto acrobático tipo Matrix, a voar para o outro lado do balcão, a retirar de um golpe o revólver do coldre do polícia, a apontar-lhe a arma com as duas mãos estendidas. Eu a berrar-lhe, malvada "Vá, quero as duas mãos no teclado! Já!! Está a usar os dedos todos! E livra-te de escrever menos de cinco palavras por minuto, senão rebento-te os miolos!!".
...Quando acordei para a triste realidade, estava a minha amiga, resignada, a repetir o seu nome, a morada, o número do bilhete de identidade, tudo outra vez. Acabado o meu filme, fui obrigada a ir para o pátio apanhar ar, não fosse incorrer no crime de desrespeito à autoridade!
13.4.06
Diário de uma gaja asmática II
Odeio a Primavera. Porcaria de estação. Uma gaja quer trabalhar e está a Serra cheia de tojos e urzes floridos. Eu sei que é de gaja ser romântica, gostar de flores e destes cenários música-no-coração. Eu até acharia piada - que o meu coração não é de pedra - não fosse o maldito do pólen. Já espirrei mais hoje do que nos restantes dias do ano todos juntos. É que eu sou uma gaja ocupada. Tenho coisas para fazer. Não me dá jeito nenhum ter agora as histaminas feitas histéricas, todas aos pulos!
E depois, se fossem só os olhos inchados e os espirros, uma pessoa ainda tolerava tudo isso da Primavera, florzinhas e tal. O pior é a asma. Depois disto costuma chegar um ataque. Começo já a pressenti-lo, a chegar nos biquinhos dos pés. Mas ele que venha. Estou a escrever esta posta só com o dedo indicador da mão direita, qual agente da PSP, porque na esquerda seguro estoicamente a bomba, armada para o contra-ataque! Ele que venha!
E já que da outra vez achei piada ao conceito do ataque de asma com banda sonora integrada, também já tenho preparada a música para o próximo episódio de dispneia - vai ser o "Birds Make Good Neighbours". Até vos digo mais, Mr. e Mrs. Rosebuds - os passarinhos até tá muito bem; agora flores...
10.4.06
Ministro da Economia estagia na Finlândia
A obsessão de José Sócrates pelo modelo finlandês levou-o a sugerir um estágio de seis meses em Helsínquia a Manuel Pinho, Ministro da Economia.
Segundo a agência Lusa, a decisão terá sido tomada durante um conselho de ministros onde alguns membros do executivo (acometidos por súbitas crises de lucidez) tentaram explicar a Sócrates as diferenças entre aquele país nórdico e Portugal. Admitindo que os diversos planos do governo não estariam a produzir os efeitos desejados e que seria necessário tomar algumas medidas adicionais, o Primeiro Ministro decidiu enviar um dos seus ministros estagiar na Finlândia. O critério que levou à selecção de Manuel Pinho foi o simples facto de ser o ministro com mais tempo livre, uma vez que Portugal já praticamente não dispõe de Economia.
A ida do Ministro pode, no entanto, estar comprometida por motivos orçamentais. O responsável pela pasta da Economia argumentou que o seu salário não dá para pagar nem umas águas furtadas sem aquecimento em Helsínquia. José Sócrates deu-lhe razão e ambos estão já a tratar de uma candidatura a uma bolsa do PRODEP, que juntamente com algum dinheiro que as tias de Manuel Pinho lhe costumam oferecer pela Páscoa, deverão custear a viagem.
5.4.06
Querida Manca
Parabéns a você! Esperamos que conte muitos anos mas que pareça para sempre contar poucos, como convém a uma verdadeira gaja!
E não se esqueça! Todos aguardamos ansiosamente o desfecho da novela "a gaja e o benfiquista". Conte-nos tudo!
beijos
E não se esqueça! Todos aguardamos ansiosamente o desfecho da novela "a gaja e o benfiquista". Conte-nos tudo!
beijos
4.4.06
ai se ele cai
Partiu hoje rumo a Angola um avião da TAP transportando José Sócrates e uma comitiva de cerca de 70 empresários que representam um terço do PIB português. Não sendo eu uma fã dos Xutos e Pontapés creio que, subconscientemente, foi esta a razão que me fez passar o dia inteiro a trautear alegremente "Ai se ele cai, vai-se partir..."!
Parvoíce em torno de sinónimos
"Por toda a cidade (de Barcelona) já se vê a côr vermelha - encarnada, neste caso - do Benfica..."
Proferido por um inteligentíssimo jornalista da SIC no noticiário de hoje
Proferido por um inteligentíssimo jornalista da SIC no noticiário de hoje
3.4.06
Por falar em Adriana Calcanhot(t)o
Que acontecimentos na vida de uma artista...
(1994)
...levarão a que se lhe cresca um T no meio do nome?
(2002)
1.4.06
A última ceia
Ao fim de quase ano e meio de blog, mais de 130 postas e quase 8000 visitas, é com o coração desfeito em lágrimas (ou não) que anunciamos o fecho das portas e que vos deixamos, amigos, conhecidos, visitantes, comentadores anónimos, um último adeus.
Foi uma decisão difícil mas necessária. As gajas M&M (Manca e Mouca) sentem-se demasiado solitárias nesta cruzada, com o desaparecimento súbito do Mana Tesoura e com as fugazes aparições da FriFri (quase sempre para dizer disparates). Do menino Kalé não temos notícias há semanas... Perdeu-se assim o entusiasmo inicial e este blog tornou-se um fardo demasiado pesado para as nossas costas (principalmente para as da manca, que tem escoliose).
Agora que tudo acabou, não faz sentido carregarmos mais os terríveis segredos que esta casa esconde. Por exemplo, para além do menino Kalé ser gajo, facto que nunca escondemos, a Mana Tesoura e a FriFri também o são. Sim, esta é TODA A VERDADE. Nós somos as únicas representantes da classe gaja neste blog. Também por isso este espaço está em perigo. Sem o invisível mas sempre presente toque de masculinidade que traziam nossos desaparecidos companheiros, estão abertas as portas para os poemas, para as canções da Adriana Calcanhotto, para as fotografias dos gatos (que são muitos). Antes o fim que isso. Somos só duas gajas, não aguentamos esta pressão.
Pedimos perdão. A vós nossos amigos e camaradas, por termos revelado a vossa identidade, qual batman a quem se tira a máscara (ou os collants) e a vós leitores, por vos termos mentido e desapontado.
A gaja mouca e a gaja manca abraçam-se em lágrimas e afastam-se lentamente. Foi bom enquanto durou.
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