"Ui!" - devem estar agora os gajos que leram o título desta posta a exclamar.
Para os gajos, "gajas e carros" não é uma combinação agradável, a menos que as mesmas se encontrem desnudadas ou em trajes menores em cima dos veículos - parados, pois então! - como as fotos que se encontram vulgarmente em calendários afixados em oficinas ou estabelecimentos afins. Quando falamos de gajas ao volante, os gajos pensam instantaneamente em "perigo". Irei começar esta posta, portanto, por esclarecer que 1) isso das gajas serem perigosas ao volante é um mito; 2) estatisticamente está provado que são os gajos que causam a maior parte dos acidentes de viação em Portugal. A única coisa que eu até poderei concordar é que os gajos têm, vá, uma ligeiramente maior aptidão para as manobras complicadas.
Porém, apesar de este ser sem dúvida um assunto pertinente e merecedor de uma posta futura, este pequeno desabafo que lêem não fala sobre gajas e carros em geral, mas sim sobre nós (As gajas) e os nossos carritos em particular.
É que parece que se abateu sobre nós um terrível azar automobilístico. A Gaja Mouca, por exemplo, viu em pouco tempo o seu querido Doutor Totó definhar e ficar sucessivamente sem travões, sem embraiagem, sem bateria e, mais recentemente, sem caixa de velocidades.
Até há bem pouco tempo, eu, a Gaja Manca, não tinha razão de queixa do meu pequeno Luís Filipe. Mas, há três semanas, tudo mudou. Uma gaja - essa sim, obviamente desajeitada - decidiu esquecer-se de travar e embateu com toda a força na traseira do meu lindo Peugeot 106, que, em consequência, se esborrachou todo contra o veículo da frente. Foi a morte do Luís Filipe.
Felizmente, a minha mãe pôde dispensar o seu Xico Late para que eu me pudesse deslocar diariamente ao meu distante local de trabalho. Durante três semanas, não houve percalços dignos de registo. Porém, ontem o azar voltou a bater-me à porta. Ao ir buscar o meu gajo (que estava apeado precisamente porque o seu CRido tinha decidido avariar no dia anterior - mais um azar automobilístico!), o Xico Late tossiu e parou-se-me em cima de uma passadeira. E não voltou a arrancar por nada deste mundo. Eu fiquei azul de fúria! Como é possível tanto azar?
Mal eu sabia que a situação iria piorar. No minuto seguinte, duas outras condutoras tiveram um acidente ali, à minha frente, e tentaram vender à polícia (que felizmente não lhes deu ouvidos) a história de que a culpa era minha (e eu, que estava ali paradinha com o carro bem sinalizado!). Eu, que já tive complicações que cheguem com seguradoras nos últimos tempos, nem quis ouvir nada do que as parvas estavam para ali a dizer.
Chegado o reboque, o condutor torceu logo o nariz ao ouvir o barulho que o Xico Late fazia. "Isto é mas é falta de gasolina". "O quê?" disse eu toda ofendida. "Mas o ponteiro ainda estava longe do zero e a luz da reserva nem sequer acendeu!". O que é certo é que eu, com um carro novo nas mãos, tinha decidido averiguar quantos quilómetros conseguia fazer com um depósito. E fiquei a sabê-lo da pior maneira. O maldito Xico Late tinha mesmo o indicador da gasolina descalibrado e esqueceu-se de me avisar que estava faminto. E assim fui humilhada perante o mundo como "a gaja-chamou-o-reboque-por-ter-ficado-sem-gasolina". Cada vez detesto mais conduzir!
O que eu acho é que os papelinhos com a "oração do condutor" e a figura do Menino Jesus de Praga que a minha avó me obrigou a pôr na carteira para me protegerem em viagem devem ter passado do prazo de validade!